Vida Natural e Artificial
Segundo a Religião, foi Deus quem criou a Vida. Mas em 1999 foi anunciado na revista científica “Science” que um grupo de cientistas Japoneses tinha descoberto a natureza da faísca que teria produzido, numa sopa de moléculas, a centelha da vida; e que “conseguiu produzir alguns dos componentes moleculares de que são feitas as proteínas da vida” [1].
Muito diferente disto é produzir “vida artificial”, isto é, sistemas com uma ou várias características dos sistemas vivos naturais (reproduzir-se, movimentar-se, crescer, evoluir, etc.) com base em elementos artificiais, inorgânicos (que podem ser digitais, criados em proveta, mecânicos, etc.). Um dos pontos de partida possíveis é a Nanotecnologia, que não deveria estar operacional antes de 2050, apesar dos avanços havidos nesta área [2] [3] [4] [5]
Vida Artificial Informática
“A Nanotecnologia é a compreensão e controlo da matéria em dimensões de aproximadamente 1 a 100 nanómetros (1 nano = 10ˉ9 metros), onde fenómenos únicos na Natureza permitem aplicações novas: À escala nanométrica, as propriedades físicas, químicas e biológicas da matéria em quantidade, ou dos materiais, diferem de modo fundamental, e valioso, das propriedades dos átomos e moléculas individuais. Abrangendo simultaneamente a Ciência, a Engenharia e a Tecnologia do nanomensurável, a Nanotecnologia envolve a captação de imagens, a medição, a modelação, e a manipulação (deslocação de átomos/moléculas, que se faz muitas vezes usando microscópios eletrónicos) da matéria à escala nanométrica.
A Investigação e Desenvolvimento da Nanotecnologia dirigem-se para a compreensão e criação de materiais, dispositivos e sistemas melhorados, que explorem as propriedades específicas que a nanomatéria tem” [1]. A Robótica Molecular [2] “é um campo emergente e altamente interdisciplinar que procura produzir materiais e dispositivos novos à escala nanométrica, por interação direta com as estruturas atómicas. Enquanto a Química convencional se baseia em fenómenos de conjunto, tais como a Difusão, para criar estruturas automontáveis, a Robótica Molecular consiste em dispositivos que manipulam estruturas aplicando forças externas e posicionando átomos e moléculas com precisão; é uma tecnologia revolucionária que tenta exercer um controle fino sobre a estrutura da matéria, análogo ao que nós podemos atualmente exercer sobre os ‘bytes’ da informação".
Replicação
Se tomarmos os robôs moleculares como os equivalentes das células dos seres vivos, então poderemos perguntar-nos se não será possível fazer com que eles se repliquem. Deveria haver pelo menos 2 formas de replicar robôs moleculares: por operação dum mecanismo externo [3], ou por autorreplicação [4].
Seguindo Minsky, se pudéssemos vir a usar 1 robô autorreplicante e precisássemos duma semana para que ele fizesse 1 cópia de si próprio, então ele poderia produzir 1 bilião de robôs em menos dum ano… [5].
Outras referências
Humanóides... "Vivos"
Poderá o Homem produzi-los?
Vimos que deveria ser possível provocar o desenvolvimento, a partir duma “célula” artificial primordial constituída por um Robô Molecular, de “animais” artificiais simples.
A “Evolução” Artificial deveria poder, mesmo, desembocar em “embriões” na linha do projecto Embriologia e Evolução Artificiais [1]:
- “Trata-se de estudar princípios do desenvolvimento biológico que sejam úteis para fazer evoluir agentes artificiais modulares em simulações fisicamente realistas, a fim de produzir agentes com comportamentos cada vez menos triviais”.
Poder-se-á, então, fazer a pergunta: “São os robôs dispositivos tecnológicos que tenham de ser desenvolvidos e controlados por um engenheiro, ou poderiam esses mesmos robôs desenvolver-se e controlar-se a si próprios autonomamente?” Tal parece possível: “Os robôs construídos no quadro desta abordagem devem poder adaptar-se à informação incerta e incompleta em ambientes constantemente em mudança, e existe pelo menos uma técnica de construção que consiste em imitar o processo de aprendizagem dum organismo natural isolado.”
Tais embriões deveriam poder desembocar em animais artificiais adultos, segundo o projeto “Morfologia e Comportamento de Seres Virtuais” [2] e poderiam provavelmente também chegar a ser parecidos com os humanos até ao nível celular: A série Battlestar Galactica apresentou essa ideia que pensamos também ser possível.
Esses humanoides deveriam saber sobreviver em ambientes eventualmente hostis [3] e vir a ter comportamentos complexos e evolutivos [4] [5]; já para não falar de se poderem replicar: a construção dum Macrorrobô replicante era a dada altura um objetivo a longo prazo (Renato Zacaria; U. Génova, Itália).
Todos estes projetos mostram que um Robot Sapiens [6][7] já se está a preparar … Mas … Até onde poderá ir tal espécie artificial?
Cérebro Artificial [1]
“Um dia deverá ser praticável construir a Memória num dispositivo tão pequeno como uma ervilha, usando a Nanotecnologia… ½ minuto corresponderá então a um ano para nós, e cada hora a uma vida humana inteira…”. A 18 de Agosto de 2011, pesquisadores da IBM revelaram uma nova geração experimental de chips de computador projetados para emularem as capacidades do Cérebro para a ação, perceção e cognição. A tecnologia poderia proporcionar muitas ordens de grandeza de menor consumo de energia e espaço do que os usados nos computadores de hoje. Numa rutura drástica com os conceitos tradicionais de conceção e construção de computadores, os chips de computação neuro sináptica recriam os fenómenos que se dão entre neurónios e sinapses nos sistemas biológicos, tais como o Cérebro, através de algoritmos avançados e de circuitos de silício. Os seus dois primeiros chips de protótipo já foram fabricados e estão atualmente em fase de testes.
Chamados “computadores cognitivos”, os sistemas construídos com esses chips não serão programados da mesma forma que os computadores tradicionais o são hoje. Em vez disso, os computadores cognitivos devem aprender através de experiências, encontrar correlações, criar hipóteses, e lembrarem-se - e aprender com - os resultados, imitando a plasticidade estrutural e sináptica dos cérebros.
Para fazer isso, a IBM está combinando princípios da nanociência, neurociência e supercomputação como parte de uma iniciativa plurianual de computação cognitiva. A empresa e seus colaboradores universitários também anunciaram um financiamento para a Fase 2 do projecto “Sistemas de Eletrónica Escalável Plástica e Adaptativa” (SyNAPSE). O objetivo é criar um sistema que não só analisa as informações complexas a partir de várias modalidades sensoriais de uma só vez, mas também se reformula dinamicamente nas suas ligações à medida que interage com o seu ambiente - tudo isso rivalizando com o tamanho compacto do cérebro e o seu baixo uso de energia. Os futuros chips serão capazes de ingerir informações complexas, ambientes do mundo real através de múltiplas modalidades sensoriais e agir através de modos que usem múltiplos motores de forma coordenada, de maneira dependente do contexto. Por exemplo, para abastecer as prateleiras duma mercearia poderia usar uma luva instrumentada que monitorizasse imagens, cheiros, textura e temperatura para produzir sinais de alerta de alimentos em mau estado ou contaminados. Encontrar sentido, em tempo real, em inputs fluindo a um ritmo cada vez mais vertiginoso seria uma tarefa hercúlea para os computadores de hoje, mas seria natural para um sistema de inspiração cerebral."
Segurança em Tempo Real
A Segurança Pública deveria poder ser melhorada usando os interfaces Cérebro-computador [1].
A Proteção Civil também poderá ser muito automatizada, o que a tornará mais eficiente e eficaz. Ajudada pelos Sensores e Microprocessadores na Vigilância e Deteção, pela Inteligência Artificial na Coordenação e pela Robótica Inteligente no Salvamento.
Political, Financial e Serial Killers: uma Solução?
É um problema que ninguém diz como resolver, nem sequer a longo prazo…
Em vez disso, continua-se a acreditar que, com os meios actualmente disponíveis das polícias de segurança pública, se irá lá… talvez com novas expansões dos sistemas de segurança nomeadamente de vigilância das trocas via internet, talvez através da expansão da videovigilância… mas sempre com a oposição sistemática dos defensores da privacidade…
Political Killers aparecem frequentemente à luz do dia através de manifestações inesperadas, em países aparentemente estabilizados através de democracia representativa.
Os Financial Killers, sobretudo patrões de empresas (segundo um grande pensador actual, num número recente “Hors Série” do “Nouvel Observateur”, eles são os verdadeiros responsáveis pelas políticas financeiras das mesmas) matam muita gente lentamente através da exploração indirecta da mesma.
Quanto aos Serial Killers, não matam tanta, mas matam alguma, inesperadamente: foi o Breivik, da Noruega, o país de maior qualidade de vida do Mundo, e muitos outros serial killers de idades e perfis inesperados, em particular da América, a última dos quais uma mulher Miranda, que simplesmente pertence a uma chamada igreja do Diabo: continuam a matar às dezenas de cada vez, e sem qualquer motivo objectivo nem consideração pela idade ou condição das mesmas.
Não haverá solução?
Se pensarmos a longo prazo e nos desenvolvimentos previsíveis das Tecnologias da Informação e da Neurofisiologia, tal solução poderá começar a vislumbrar-se. Seria a ligação permanente dos sistemas das polícias a sistemas de vigilância multidisciplinares.
Já existem tecnologias incipientes para detetar pensamentos no Cérebro, emoções (v. trabalhos de mestrado de Luis Anjos na U. Minho), e mesmo intenções de executar determinadas ações. Atenção para a investigação feita no Karlsruhe Institute of Technology, considerado um dos melhores centros de investigação da Alemanha, sobre Avaliação da Neurotecnologia, pelo Doutorando Teycal Velloso (gabriel.velloso@partner.kit.edu).
Combinando esses 3 elementos, devidamente computados em tempo real por sistemas de inteligência artificial, para os sistemas das polícias, deveria ser possível ter uma vigilância alargada sobre os cidadãos em geral… e não só sobre os perigosos (infelizmente os vários serial killers de que falámos não foram considerados suficientemente perigosos para estarem em tempo real sob vigilância apertada…).
Portanto, parece de toda a propriedade que se comece a investigar a combinação dessas 3 tecnologias.
Humanoides com “Consciência”
Segundo Michio Kaku [1], a Informática, a Biologia Molecular e a Física Quântica deveriam permitir construir cérebros inteiramente artificiais. Por outro lado, segundo um emérito biólogo da Evolução [2], a Consciência Humana poderia ser um produto de sistemas complexos do Cérebro. Portanto, se os tais cérebros artificiais vierem a imitar os naturais, poderá deles vir a emergir uma consciência parecida com a nossa … Muito interessantes, a este propósito, os trabalhos a ser realizados no Santa Fe Institute, EUA, e, perto de nós, os da equipa de Robótica da Faculdade de Engenharia do Porto dirigida por Luis Paulo Reis (vencedora de 2 campeonatos mundiais de Futebol Robótico Simulado) que, em entrevista à Notícias Magazine, refere a emergência de consciência nos robôs [3] …. Não se pode confundir esta cOnsciência artificial com a humana [4].
Humanoides “Sociáveis” e “Emotivos”
Ou seja, capazes dum comportamento interativo e comunicativo com o Homem, como aperar a mão [1].
A man shakes hands with robot 'Berti' at the Science Museum in London, Tuesday, Feb. 17, 2009.
The robot, a life size humanoid robot, is built to mimic human gesturing, and is on show at London's Science Museum from Feb. 17 to 19. (AP Photo/Kirsty Wigglesworth)
O objetivo é [1] “superar a barreira social Homem-robô, estando-se a desenvolver para tal um tipo de robô que tenha “personalidade” própria, e que possa comportar-se de acordo com as convenções sociais. A ideia é que a comunicação do Homem com o Robô deva tornar-se fácil e agradável, mesmo que o primeiro não seja treinado para tal…
Serão sociáveis os novos robôs muito desenvolvidos no Japão; ou outros mais técnicos, tais como os de Busca e Salvamento, Cirurgia Assistida, ou de Combate aos Incêndios, que se destinem a atuar em contextos habitados por humanos, e não em contextos que requeiram muito pouca (se alguma) interação com eles, como, p. ex. º, na inspeção de poços petrolíferos.
Por outro lado, se os robôs puderem vir a praticar várias formas de aprendizagem social (como a imitação, a emulação, a atuação sob tutela, etc.), também seria mais fácil para o ser humano dar-lhes formação….”
Vejamos alguns projetos desta área:
- Robótica Antropocêntrica [2]: trata-se de melhorar a interação Homem-Robô usando métodos de investigação próprios da Antropologia para estudar o que as pessoas pensam dos robôs
- Interação social entre pessoas e robôs [3]: trata-se, em particular, dum método de conceção de robôs para estes terem a interação apropriada com as pessoas
- Robôs rececionistas [4]: ajudantes úteis, socialmente competentes, e suficientemente convincentes para se interagir com eles durante um período de tempo prolongado; robôs esses que, para além de dar informações sobre as organizações em causa e os vários gabinetes, tenham “personalidades” que se vão revelando ao longo do tempo através da interação com as pessoas e das conversas telefónicas com os amigos e familiares das mesmas …
- Robôs vivos que respirem [5]: são muito variados os robôs a serem investigados neste projeto: robôs humanoides, cérebros sintéticos, agentes artificiais inseridos em vestuário multimédia que cooperem com os seres humanos a fim de aprenderem; criaturas artificiais postas no mundo tais como se de insetos se tratasse, ou robôs com interação social do tipo da humana, que ainda não sejam “seres vivos” (artificiais…)
Mas…
Deverão os Humanoides vir a ter também emoções (Medo, Desejo/antecipação, Ódio, Abandono, etc.)?
Sim, para poderem interagir socialmente duma maneira convincente, e, também, para sobreviverem, como acontece com os animais...
Os “circuitos” neurológicos da Emoção Animal estão largamente distribuídos pelo Cérebro [6]: descobriu-se que neste reside o centro de comando das emoções referidas. Como implementar as emoções nos robôs [7]? Rodney Brooks, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), definiu uma metodologia para tal [8].
Com tais humanoides, poderemos entregar-lhes muitas catividades que para nós são desagradáveis …
Humanóides que Decidem Sozinhos
Já vimos que uma característica do Homem é ter um Espírito Reflexivo muito mais potente que o autoconceito dos outros animais; e que este espírito como que “manipula” a Consciência [1], que é uma espécie de vídeo mental que ele faz voltar atrás no tempo e que leva até ao Futuro, experimentando soluções para problemas, de modo virtual [2], sem os ter de experimentar na vida real. Ele é o instrumento da capacidade de decisão consciente.
O Espírito Reflexivo é uma vantagem evolutiva pois permite evitar situações perigosas para a sobrevivência daquele que o possui. E, também, um instrumento de trabalho, pois praticamente todas as tarefas que os seres humanos executam requerem capacidade de decisão consciente, já sem falar daquelas onde essa capacidade é muitas vezes levada ao limite, como algumas de Piloto Aeronáutico (ex. º: a amaragem no Hudson…), de Cirurgião e de Busca e Salvamento … Portanto, se quisermos que os Humanoides nos substituam o mais possível nesses trabalhos, eles precisarão de ter, também, uma simulação do espírito reflexivo humano que poderá, aliás, ser até, em determinadas áreas, muito mais potente que aquele (lembre-se o computador que ganhou ao Campeão do Mundo de Xadrez…).
Muito depois de 2100, segundo Michio Kaku [3], deveríamos ter a possibilidade de conhecer a totalidade do cérebro humano; (no entanto, Klaus Hepp, Professor Emérito da famosa ETH de Zurique [4], diz da impossibilidade de se conhecer a Auto-consciência…) e construir humanoides que tomem decisões sozinhos … podendo atuar como empregados nossos.
Também por esta altura, e ainda segundo Kaku, existiria a possibilidade de os Humanoides serem “autoconscientes” (poderem estabelecer os seus próprios objetivos, tomar decisões de modo independente) e acuarem como assistentes dos seres humanos (tipo “mordomo”); possibilidade de transferir para corpos metálicos o conteúdo de redes neuronais humanas.
Mas … serão tais humanoides um perigo tanto para os seres humanos como para os bens materiais? … Já que terão capacidade de decisão independente que os libertará do telecomando humano …
Para obviar a esse perigo, será necessário que:
1 Eles sejam construídos de acordo com as 3 leis que Asimov definiu há já muitos anos, e que nós expandiríamos para os bens materiais:
1.1 Nenhum robô poderá causar dano a nenhum Ser Humano, ou bem material (neste caso, exceto a mando do respetivo proprietário), ou, por inação, permitir que tal aconteça
1.2 Todos os robôs terão que obedecer às ordens dadas pelos Seres Humanos, exceto se elas entrarem em conflito com a 1ª Lei
1.3 Todos os robôs terão de se defender a si próprios, exceto se tal defesa entrar em conflito com a 1ª ou a 2ª leis.
Estas leis deverão provavelmente ficar consignadas no próprio hardware dos humanoides.
Além disso, será preciso que:
Quanto à utilidade de termos tais humanoides, verifiquemos que já estamos rodeados de alguns dos seus precursores: “Estou a falar com o Sr.…?”, “Bom dia como está o Sr., está bem?”, “Em que lhe posso ser útil?….
Algumas referências importantes sobre os principais projetos mundiais de Robótica Humanoide poderão encontrar-se em [6].
Automatização Extensiva dos Sistemas
Esta possibilidade foi levantada po Arthur C. Clarke, deixando para os humanos apenas uma função de “desligar se necessário”. Na Proteção Civil os Robôs nomeadamente poderiam decidir por si próprios, embora sob supervisão humana as tarefas a executar nos locais de catástrofe...
Evolução Artificial Informática
Vimos que deveríamos poder vir a construir “células” artificiais informáticas - os Robôs Moleculares; robôs esses que deveriam poder ser replicados por um mecanismo exterior, ou serem, mesmo, auto-replicantes.
Esses robôs poderão vir a ter a capacidade de se auto-organizarem [1] [2] [3]: também já se demonstrou que “enxames” de micro robôs, que apenas comunicam entre si por mensagens muito simples, podem ser programados para montarem estruturas que lhes tenham sido especificadas total ou parcialmente; eles deveriam mesmo ser capazes de se auto-organizarem em estruturas análogas aos órgãos naturais dos organismos superiores, e, no limite, em seres vivos complexos.
Na Universidade de Edimburgo [4] começou-se a estudar há anos a “Evolução” Artificial; deve-se a Tim Taylor [5] um interessantíssimo projeto orientado para uma evolução “de fim em aberto”, isto é, sem nenhum objetivo de partida (segundo Darwin, a Evolução teria o objetivo de permitir aos seres vivos sobreviverem; segundo Teillard de Chardin [6] o objetivo seria o aumento da consciência). Pretendia Tim Taylor criar um ambiente artificial no qual se pudesse dar uma evolução artificial qualitativamente semelhante à natural.
Tim Taylor trabalhou inclusivamente num sistema para aplicar estas ideias: o Cosmos (1996-1997), no qual centenas de programas de computador, escritos numa linguagem especial, tentavam “reproduzir-se” (copiar-se a si próprios) para novas partes da memória, em competição uns com os outros no que toca ao espaço de memória ocupado e ao tempo de computação despendido. De vez em quando, na autorreplicação, eram introduzidas mutações nos “genes”, de modo a que a geração seguinte ficasse potencialmente habilitada a melhorar, isto é, ficar mais bem adaptada a objetivos então fixados para tal evolução (numa evolução artificial o Homem pode fixar objetivos particulares) [7] [8] .
Um outro projeto implementado por Tim Taylor foi o Math-Engine: Tratava-se da produção, através de evolução artificial, de vários “animais” artificiais digitais, como p. ex. um “caranguejo”.
Por último, os mesmos seres vivos deveriam ser suscetíveis de se auto-organizarem p. ex. tal como as formigas naqueles carreiros que as donas de casa tanto temem…[9] [10] .
Muitos dos problemas insolúveis que a Humanidade tem poderão beneficiar da contribuição da Vida e Evolução Artificiais, porque há fenómenos que precisarão duma quantidade indeterminada de máquinas (replicadas por um mecanismo exterior ou auto-replicadas) e também da capacidade de as mesmas evoluírem para se adaptarem automaticamente às tarefas que se pretender que elas realizem
Cylons, Battlestar Galactica
José Pedro Magalhães, Doutorando em Oxford [1]
É certo que o transhumanismo é geralmente visto como um pensamento para o futuro. Isto não é necessariamente o caso, como espero mostrar em posts futuros. Mas, por enquanto, vou-me limitar a introduzir uma série de ficção científica futurista com temática inquestionavelmente transhumanista, que levanta (pelo menos a meu ver) questões interessantes e que poderá ser de interesse a transhumanistas ou simpatizantes.
Falo de Battlestar Galactica.
Mais concretamente, da última versão, de 2003 e também chamada de Reimagined. O enredo parte da utilização de robôs por parte da humanidade para simplificação das tarefas. Com o desenvolvimento de robôs cada vez mais avançados, particularmente a nível de inteligência artificial, num determinado ponto estes robôs tornam-se conscientes e revoltam-se contra os seus criadores.
Esta nova raça, denominada Cylon, insurge-se contra a escravatura a que os humanos os submeteram, provocando uma longa e sangrenta guerra. Eventualmente um armistício é declarado, e durante 40 anos os humanos não têm qualquer contacto com os Cylons. Até que um dia eles voltam, e bombardeiam todas as colónias humanas com bombas nucleares. Conseguem isto através da desativação completa do sistema de defesa global dos humanos.
Assim, restam cerca de 50.000 humanos, que se encontravam no espaço no momento do ataque e cujas naves estavam equipadas com computadores antigos que não estavam ligados à rede global de defesa.
Em termos de temas transhumanistas, vemos imediatamente o do aparecimento de consciência numa entidade informática. Mas a série não se fica por aqui. Mais tarde é revelado que o ataque Cylon só foi possível através de infiltração de espiões Cylon nas forças armadas humanas. Tal infiltração foi fácil porque os Cylons desenvolveram um novo modelo de robô, que imita a aparência humana até ao nível celular.
Mas estes robôs humanos têm mais que apenas aparência humana. Têm a sua própria religião, que consideram superior à dos humanos. São capazes de ataques suicida, muito à semelhança de ataques terroristas nos nossos dias. São até capazes de cooperar abertamente com humanos e atacar a sua própria raça. São, em todos os termos, seres inteligentes, refletivos e autoconscientes.
Em termos tecnológicos, Battlestar Galactica não é particularmente inovadora. A principal diferença tecnológica visível na humanidade da série é a capacidade de construção de naves espaciais massivas (aparentemente com gravidade artificial) e do uso de transporte a velocidades superiores à da luz. É portanto nesta relação homem/máquina que a série inova, e é por aí que levanta questões transhumanistas de relevo.
Suponhamos que efetivamente uma entidade virtual conseguia atingir autoconsciência. Irá esta entidade desenvolver um sentido religioso? Se sim, através de uma nova religião, ou seguirá uma religião humana? Se não, será esta entidade ateia ou agnóstica?
Adicionalmente, surge a temática da máquina como escrava. Como as máquinas atuais não possuem consciência, não são consideradas vivas, pelo que a noção de escravatura não se aplica. Mas com o desenvolvimento de robôs cada vez mais avançados e inteligentes, chegaremos ao ponto de ter de questionar os direitos dos robôs?
Para quem não conhece a série e estiver interessado em conhecer, recomendo começar primeiro pela minisérie (dois episódios de hora e meia cada um), seguindo depois para o primeiro episódio.
Perguntas e Respostas
Reproduzo, a seguir, excertos dum comentário que fiz a um post “Transhumanismo na ficção” de José Pedro Magalhães a propósito da Série Televisiva “Battlestar Galáctica”.
Super-inteligência dos humanóides … “vivos”: [2] [3] [4]
O Nosso Cérebro num Humanoide
Admitindo que se venha a produzir humanoides “vivos” e “evolutivos”, poder-se-á também, provavelmente, transferir o conteúdo do nosso cérebro para o dum humanoide desses, [1]
Qual a vantagem?
Vejamos algumas perguntas que me fez uma minha Amiga Alemã a este propósito.
Totalidade das minhas crónicas em Transhumanismo Portugal, transhumanismo@sapo.pt.